11 julho 2010

Fim das entorses e dos joanetes

Ana Sofia Coelho





Fazer uma cirurgia através de pequenas incisões na pele pode parecer uma possibilidade muito remota, mas é já uma realidade. Ideal para tratar patologias do pé e do tornozelo, como os joanetes e as entorses, a técnica foi desenvolvida em Portugal e permite uma melhor e menos dolorosa recuperação após a cirurgia

Por essas incisões passam microcâmaras de vídeo que permitem observar num ecrã a área afectada. A cirurgia por artroscopia, que já se realiza há cerca de um ano, veio dar um novo impulso ao tratamento das entorses do tornozelo, que afectam especialmente os desportistas. "A única diferença, para além de ter sido inventada por um português, é a de se fazer sem abrir o tornozelo", explica o ortopedista Paulo Amado, que organizou recentemente o 1º Encontro de Actualização em Cirurgia do Pé e Tornozelo, no Hospital da Boavista, no Porto.



No caso dos tratamentos da patologia Hallux Valgus, vulgarmente conhecida como joanetes e que afecta 40% da população portuguesa, também surgiram inovações. "Nesse caso usamos material reabsorvível, que são parafusos que não precisam de sair porque o organismo os absorve", continua Paulo Amado. "Menos dor, rápida recuperação e resolução do problema de uma maneira menos agressiva" são as vantagens desta técnica.



PERFIL



Sérgio Borges tem 30 anos e é professor de Educação Física. Tem instabilidade crónica do tornozelo direito, derivada de entorses recorrentes. Foi basquetebolista profissional.



O MEU CASO: SÉRGIO BORGES



"FORAM ENTORSES MAL CURADAS"



Foi basquetebolista profissional durante dez anos, mas foi curiosamente num jogo de futebol amador, há cerca de quatro meses, que Sérgio Borges fez uma entorse no tornozelo que o deixou sempre com dores.



A necessidade de uma cirurgia a Sérgio foi empolada pela vida profissional do paciente, que para além de ser professor de Educação Física tem uma empresa de desportos de aventura. "Foram entorses mal curadas. Lesionava-me, punha gelo, deixava passar e melhorava", recorda. "A entorse não dói muito, mas para actividade desportiva é limitativa. Consegue andar mas não correr", explicou o ortopedista Paulo Amado. A dor no pé começou a incomodar Sérgio mesmo quando dormia, e depois de ter sido visto por um médico de Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, onde reside, foi aconselhado a ser operado ao tornozelo no Hospital da Boavista, no Porto. "Um amigo meu já tinha feito. Vai ser a minha primeira e espero que última cirurgia", disse, divertido.



A cirurgia artroscópica do tornozelo demora cerca de quarenta minutos e é feita sob o efeito de anestesia geral. A recuperação demora entre um mês e meio a dois meses, ao invés dos três meses na cirurgia normal. "Pode continuar a jogar profissionalmente depois da operação", lembrou o ortopedista Paulo Amado

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