25 junho 2010

História do tabaco

O tabaco está enraizado na nossa sociedade e na nossa cultura, e desde a sua descoberta, em 1492 por Cristóvão Colombo (após descoberta das Américas) este enraizamento tem tido um crescimento espantoso. Para melhor se perceber como é que o tabaco ascendeu de tal modo na nossa sociedade, e apesar dos conhecimentos actuais dos seus malefícios para o ser humano, continua a ser um acto socialmente aceite e com a importância que lhe é conferida, vamos centrar-nos sobre a historia ao longo dos séculos desde a descoberta do tabaco. O tabaco é uma planta cujo nome científico é Nicotina tabacos, da qual é extraída a substância nicotina. O seu uso surgiu aproximadamente no ano 1000 A C., nas sociedades indígenas da América Central, e era utilizado em rituais mágicos-religiosos com objectivo de purificar, contemplar, proteger e fortalecer os ímpetos guerreiros, alem de se acreditar que também tinha o poder de predizer o futuro. O uso do tabaco na Europa foi introduzido através de Jean Nicote de Villemain (diplomata francês que estava em Portugal, 1560) após ter-lhe cicatrizado uma úlcera na perna que até então era incurável. Após o conhecimento das propriedades medicinais do tabaco, o seu cultivo na Europa aumentou rapidamente. “Diga Aristóteles o que disser, diga toda a Filosofia o que disser, não há nada igual ao tabaco: ele é a paixão da gente de bem, e aquele que vive sem tabaco não é digno de viver. Não só ele conforta e purifica o cérebro do homem, mas ainda acostuma as almas à virtude, e com ele aprendemos a conformar-nos às leis da sociedade.” (Molière, 1665, citado por Martinet e Bohadana, 2003 p.58)
 Por volta de 1840 surgiram as primeiras descrições de homens e mulheres a fumarem cigarros, mas só após a primeira Guerra Mundial é que o seu consumo se expandiu em grande escala.
Assim, o hábito de fumar atingiu o seu auge na década de 70. A partir de então, o acto de fumar tornou-se banal e em algumas sociedades, símbolo de emancipação, que se traduziu no aumento do n.º de fumadores adolescentes e n.º de mulheres fumadoras. Apesar de se ir tornando moda fumar, os protestos e os avisos contra o tabagismo surgiram também muito cedo.
“Impugnação do tabaco: Um costume repugnante aos olhos, detestável para o nariz, lesivo para o cérebro, perigoso par aos pulmões e, pelo seu negro e fétido cheiro, mais semelhante ao fumo horrendo infernal do poço que não tem fundo.” (Jaime I de Inglaterra, 1604, citado. por Martinet e Bohadana, 2003, p.58)
Em 1957, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu o tabaco como uma toxicomania, sendo um estado de intoxicação periódica ou crónica provocado pelo consumo repetido de uma droga (natural ou sintética). Apesar de serem conhecidos os diversos riscos e malefícios do acto de fumar e do fumador passivo, esta epidemia continua com um crescimento rápido.
Portugal é o país com a taxa global de prevalência do acto de fumar mais baixa da União Europeia. Estudos de 1998-1999 demonstram que cerca de 19,2% da população portuguesa com mais de 15 anos (30,5% do sexo masculino e 8,9% do sexo feminino) é fumadora. (Martinet e Bohadana, 2003).
Contudo, cada vez mais, o nº de mulheres fumadoras está a aumentar no nosso pais no mundo, em parte devido à ideia de emancipação social.
“Aumento do consumo de tabaco no sexo feminino: o consumo de tabaco é a principal causa evitável de morbilidade e mortalidade. Segundo os últimos dados do World Health Report (2002), o consumo de tabaco é a principal causa isolada da doença (12,2%). O consumo do tabaco em Portugal tem vindo a diminuir, (…) sendo o sexo masculino o principal responsável por esta diminuição (com excepção do grupo etário dos 35-44 anos, onde se regista um aumento da prevalência de fumadores). Está, no entanto, a aumentar no sexo feminino de forma preocupante.” (Plano Nacional de Saúde, 2003, p.8)
Estudos elaborados pelo Prof. Richard Peto demonstram que em 2025 na Europa, caso se mantenham as actuais tendências tabágicas, as mortes na idade media de vida (40-69 anos) atribuídas ao tabagismo serão 1.000.000, enquanto atribuídas a outras causas serão 2.000.000, demonstra ainda que as mortes na 3º idade (+ 70 anos) atribuídas ao tabagismo serão 1.000.000 e a outras causas 8.000.000. (in Isto pode ser feito! – Para uma Europa sem tabaco, um Portugal sem tabaco). Estes dados são preocupantes, e demonstram a urgência que há para se estabelecer estratégias de intervenção imediatas. Actualmente, existem leis que proíbem o acto de fumar em locais fechados, públicos e outras circunstâncias, mas ainda não é notório o cumprimento total das mesmas. As campanhas de sensibilização também não estão a ter o efeito desejado. Resta saber porquê...

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